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“Ouça e você esquece; veja e você lembra; faça e você entende.” (Rudolf Steiner)

 

MOVIMENTO E RITMO PARA O DESPERTAR

 

Ao final do 1º setênio, as forças que estavam na cabeça se libertam e migram para a região do meio do corpo. A criança vai acordando de cima para baixo, na direção da cabeça aos pés, e coração e pulmão são os órgãos que ancoram o processo respiratório com o mundo.

O elemento do movimento de interiorização e exteriorização pauta a dinâmica desses órgãos e a relação da criança com o mundo. Ela já não é mais um grande A, aberta para o mundo que a impregna, mas já possui maior interioridade e necessita de um elo entre o mundo de fora e o seu interior.

 

 

O papel do adulto – pais e professores – tem grande influência neste período. É através dele e da sua autoridade que se formará a imagem de mundo que a criança construirá. Quando a autoridade é excessiva, a maior inspiração do que expiração podem desequilibrar o ritmo da criança e levá-la à timidez, à introversão, ou quadros somáticos de asma, por exemplo. Por outro lado, quando há falta de autoridade, se ela é insuficiente para o estabelecimento de normas tão essenciais nesse período, a expiração maior pode conduzir à extroversão exagerada, que leva a criança a desconhecer seu limite e o do outro, e chegar até a quadros mais histéricos, de dissolução da identidade.

Assim como as normas, os hábitos estão sendo absorvidos e, portanto, a dosagem entre uma educação muito rígida ou muito liberal deveria ser observada, pois tanto a imposição quanto a ausência de valores podem impedir um desenvolvimento sadio.



 

Nesta fase, onde o sentir está sendo tecido, a fantasia é muito importante: ela precisa estar em situações onde possa criar, ouvir estórias infantis, contos de fadas, ou mesmo brincar com brinquedos que promovam a sua participação, e não apenas ser mera expectadora.

Arte e religião são também fundamentais para a alma da criança que anseia por veneração. Assim, tanto o mundo artístico quanto o religioso são ricos em possibilidades para fazer fluir a alma infantil para o mundo. Como há uma busca natural pela beleza e pela fé, vivências do belo são fundamentais para um respirar com o mundo, assim como o desejo pela ligação com uma qualidade superior elevada e espiritualizada consigo mesma e com a vida.

É então que, no meio desta fase, o sentimento de diferenciação, por assim dizer, se estabelece fortemente e a criança percebe com verdadeiro sentimento e uma espécie de dor que existem diferenças: de educação entre ela e os irmãos, diferenças de tratamento entre as pessoas, de raça, religião, cultura, enfim… Situações em que ela se dá conta de que o mundo não é igual para todo mundo. Esse é, na verdade, um profundo despertar do sentimento próprio.

(Texto adaptado da professora Lucia Kalaf)

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